Essa caverna foi categorizada como pertencente a uma das “cavernas dos manuscritos” por parte da comunidade acadêmica. A 12Q (=53) tornou-se conhecida para o público geral no início do ano de 2017, após ser reescavada, exatamente 70 anos após ter sido encontrada a primeira caverna, no vale de Qumran, por beduínos. Foram descobertos cerca de 400 artefatos em seu interior. As escavações foram coordenadas por arqueólogos ligados à Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA), à Universidade Hebraica de Jerusalém e de outras universidades estrangeiras, e contou com a participação de voluntários de vários países, que disponibilizaram informações e fotos desde o início dos trabalhos.1 Assim como ocorrido em outra caverna de Qumran, considerada uma caverna de manuscritos (8Q), na 12Q não foram encontrados manuscritos. Os arqueólogos encontraram muitos pedaços de pano, similares aos que eram usados para cobrir manuscritos depositados nos jarros encontrados nas outras cavernas. Outra evidência que comprovaria que a 12Q está relacionada os manuscritos é a presença de pedaços de jarros de cerâmica do mesmo estilo que os achados com manuscritos nas cavernas de Qumran. Ainda assim, há pesquisadores que discordam que a 12Q tenha sido uma caverna de manuscritos.2 Por exemplo, o arqueólogo Dennis Mizzi acredita que a identificação da caverna com uma caverna de manuscrito foi premeditada e equivocada, estando mais relacionada com a celeuma causada pela descoberta de artefatos em mais uma caverna de Qumran.3 O ponto principal destacado por ele (e outros arqueólogos) é o de que não foram encontrados nenhum vestígio de manuscrito. 4 A discussão sobre o assunto se encontra ainda em aberto.
1. Parte da evolução das escavações pode ser vista em: https://new.huji.ac.il/en/article/33424.
2. Veja o debate sobre o assunto em: https://www.biblicalarchaeology.org/daily/biblical-artifacts/dead-sea-scrolls/new-dead-sea-scroll-cave/comment-page-1/#comment-1189192.
3. De fato, a mídia teve um papel negativo em sua rapidez em identificar a caverna como sendo uma caverna de manuscritos considerando apenas as conclusões de uns poucos pesquisadores sem enfocar o debate que estava em andamento. Veja um pouco disso em: https://oglobo.globo.com/sociedade/historia/encontrada-caverna-que-abrigou-manuscritos-do-mar-morto-20897605 e https://super.abril.com.br/historia/nova-caverna-pode-revelar-segredos-sobre-manuscritos-do-mar-morto/.
4. MIZZI, Dennis. Qumran aos setenta: algumas reflexões sobre os setenta anos da pesquisa acadêmica sobre a Arqueologia de Qumran e os Manuscritos do Mar Morto. In: VIEIRA, Fernando Mattiolli. Os Manuscritos do Mar Morto: 70 anos da descoberta. São Paulo: Humanitas, 2017. p. 76.